sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ser professor(a)

Falar da docência é falar das várias profissões que transpõem e se sobrepõem a esta.
Enquanto professores...
Somos mágicos,
ao fazermos malabares com diversas situações que atingem nossa imagem e a
vida pessoal.
Somos atores, somos atrizes,
que interpretam a vida como ela é, sentimos e transmitimos emoções ao
conviver com tantas performances.
Somos médicos,
ao receber crianças adoentadas pela miséria, pela falta de tempo da família,
pela carência de tempo de viver a própria infância.
Somos psicólogos,
ao ouvir as lamentações advindas de uma realidade dura,
que quase sempre nos impede de agir diante do pouco a se fazer.
Somos faxineiros,
ao tentarmos lavar a alma dos pequenos,
das mazelas que machucam estes seres tão frágeis e tão heróicos ao mesmo tempo.
Somos arquitetos,
ao tentarmos construir conhecimentos, que nem sabemos se precisos, que nem
sabemos se adequados.
É só parar para pensar que talvez seja possível encontrar em cada
profissão existente um traço de nós professores. Contudo, ser professor,
ser professora é ser único, pois a docência está em tudo, passa por todos,
é a profissão mais difícil, mas a mais necessária.
Ser professor é ser essência,
não sabemos as respostas.
Estamos sempre tentando,
Às vezes acertamos, outras erramos, sempre mediamos.
Ser professor é ser emoção
Cada dia um desafio
Cada aluno uma lição
Cada plano um crescimento.
Ser professor é perseverar, pois, diante a tantas lamúrias
“não sei o que aqui faço, por que aqui fico?”
fica a certeza de que...
Educar parece latente, é obstinação.
Ser professor é peculiar,
Pulsa firme em nossas veias,
Professor ama e odeia seu ofício de ensinar
Ofício que arde e queima
Parece mágica, ou mesmo feitiço.
Na verdade, não larga essa luta que é de muitos.
O segredo está em seus alunos, na sua sala de aula, na alegria de ensinar
a realização que vem da alma e não se pode explicar.
Não basta ser bom... tem que gostar.

Soraia Aparecida de Oliveira,
professora do Ensino Fundamental,
Escola Municipal Nilza de Lima Sales, Brumadinho, MG.



 

Reflexão sobre o dia da professora e do professor ( Berenice Gehlen Adams)

Houve um tempo, não muito distante, em que a sociedade respeitava e valorizava os professores e as professoras, estes profissionais tão importantes para a humanidade quanto o ar que respiramos, quanto a terra onde pisamos, quanto a água que bebemos, principalmente docentes da educação básica inicial, que desempenham inúmeras outras funções além do ato de ensinar. O trabalho com crianças pequenas é extremamente delicado, exigente e necessário para o desenvolvimento cultural de um país.
Ouvimos por toda a vida que se não estudarmos, não teremos oportunidades de bons empregos, que seremos excluídos e marginalizados. E sabemos o quanto isto é verdade. Sim, são as professoras e os professores que nos ensinam a enxergar o mundo do conhecimento. Estas pessoas nos oferecem as chaves que abrem as portas dos caminhos da vida. Trabalham até a exaustão, abrindo mão de sua própria vida para exercerem a função que nenhuma outra profissão possibilita: o desenvolvimento das habilidades humanas e das potencialidades criadoras que nos possibilitam engendrar as mais belas e complexas criações.
O médico, o engenheiro, o advogado,  são profissionais que fazem parte das classes privilegiadas da sociedade. São profissionais valorizados e reconhecidos que conseguem manter um padrão de vida estável – que, no mínimo, permite um sustento mensal através da sua merecida remuneração. Porém, estes nada seriam se não fossem suas professoras e seus professores. No entanto, há um contraste muito grande, uma disparidade, um distanciamento enorme entre estas categorias e a categoria dos docentes, e não há uma justificativa racional para isto. Ambos lidam com a vida: o médico lida com a saúde física do paciente, o professor lida com a saúde cultural de um país. Estes profissionais educacionais, devido ao descaso e ao abandono social do qual são vítimas, vêm enfrentando uma série de dificuldades resultando em carências que lhes negam uma qualidade de vida.
A valorização deste profissional é uma responsabilidade da sociedade, do poder público e da própria escola. Neste dia 15 de outubro, infelizmente, temos pouco para comemorar. Que pelo menos façamos uma reflexão. Valorizar este profissional é resgatar a saúde cultural do país que hoje se encontra em estágio terminal. 
Agradeço a todos os meus professores e professoras que tive na infância, na adolescência e aos que tive , na graduação e na especialização. Agradeço aos que me ensinaram a ser professora também. Muito obrigada!